w.c constrangido

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terça-feira

Mudança de paradigma

Depois de longos e intensos anos nesta casa, mudo-me, por imperativos de espaço, cansaço e mundo, para esta outra. Da casa que aqui fica, carrego as cadeiras, a mesa grande da rotina, os dias mais longos, o silêncio, o novo, a fúria, o espanto, a noite, as dúvidas, o 1/2 menu, as 14h da tarde, o ter que voltar, as formas da ignorância, o quadro da parede do fundo que nunca foi meu. Carrego e saio, agora mesmo, pela porta por onde sempre entrei, sem despedidas, como se afinal as coisas nunca tivessem sido minhas.

Espero, apesar de ainda não ter sítio para eu e tu nos sentarmos, que me acompanhes.

terça-feira

Do Ramiro Torres


O poeta, Ramiro Torres, surpreendeu-me com esta belíssima homenagem ao meu livro: Mecanismo de Emergência. Não tenho palavras para agradecer este seu nobre gesto. Resta-me deixar aqui o seu fecundo poema como legado do nosso tempo.






MECANISMO DE EMERGÊNCIA

O poema cataloga 
o espessor do real 
entre os seus dentes, 
experimenta os sons 
de bosques olvidados 
no fundo dos corpos, 
desnuda-se na falésia 
com um fulgor acesso 
na vertigem do saber, 
excede todo limite na 
leveza dos seres em 
constante mutação: 
eis o sabor do metal 
roubado à noite com 
os dedos queimados, 
o frémito de uma ave 
sobre o lago invidente 
onde acorda o vazio, 
enquanto emerge à 
superfície o assombro 
a nascer como rumor 
sob os olhos ígneos.



Ramiro Torres 

(créditos da foto: O levantador de Minas)



segunda-feira

Apresentamos: Mecanismo de Emergência





Dia 9 de Setembro apresentamos o Mecanismo de Emergência na cidade da Corunha.

Apresentação a cargo da poeta, Estíbaliz Espinosa.

Estreia de um video-poema baseado num dos textos do livro, pelo cineasta e artista transmedia, Roi Fernandez.


O mecanismo:

O mecanismo é de emergência. Exprime-se nele a vida que não se fala, um território secreto e insatisfeito de seres-palavra, estóicos pés-sombra, solitários viandantes de chão sem nome; trágico o tempo que lhes tocou viver? Um tempo inexorável, dirás, quem sabe um último reduto de liberdade, uma janela de resistência às horas, que te transfigure. Aproxima-te, peço-te. Talvez haja algo que te assombre. Porque lá no fundo: és agora tu quem conduz todo o seu movimento. Tu és o mecanismo. A emergência (?)

terça-feira

Do poeta e editor Augusto Canetas


Mecanismo de Emergência, é um uivar de cães, onde a poesia se expurga pela noite dentro.

Este livro de pedras poéticas de Tiago Alves da Costa, transporta-nos ao sub-rés-do-chão da universalidade, propõe-nos uma reflexão indelevelmente expurgada de alegorias demandadas de incomensuráveis códigos de ética e equívocos naturais.

Uma das razões para a qual particularmente, como peregrino da poesia, me deixa apaixonado é a curiosidade criativa e imaginativa de um novo olhar sobre um certo estado de alma que as palavras livres nos oferecem.

Tiago A. Costa, tanto nos oferece o quotidiano com a sua rotina e momentos existenciais muito simples, como nos confronta com exaltações semi-ocultas de irónicas observações, anseios, as frustrações de um tempo desfragmentado de princípios e valores. Daí a refinada visão do poeta deste hodierno tempo…  in (“Exércitos de mães”) “Exército de mães / patrulham diariamente as nossas ruas / para nos protegerem do adulto que levamos dentro”.

A introspecção de soledade que a vida nos coloca perante o tormento da rotina, do tédio, pela ausência da partilha… in (“Solidão”) “ ...não chovia / inspirei e saí / quando cheguei / ela estava sentada no umbral sonâmbulo da noite / impaciente e voluptuosa / trazes dinheiro?"

O poeta transporta-nos para uma ficção realista, purgação das palavras que, pessoalmente ao ler esta visão do espaço e do tempo, sinto que estou a viver agora o futuro auspicioso deste fecundado pensador. Uma fortuna!

A poesia é um corpo de pena asfixiadamente quente e frio, em exercício num lagar de uvas até que o suco escorra pelas gargantas expurgadas.

Augusto Canetas

Fonte: https://www.facebook.com/AugustoCanetas/posts/1764507417096453?pnref=story

sexta-feira

Correr

Corremos, há já algum tempo, sem movermo-nos do sítio. Corremos para segurar o salário mas também o reconhecimento, corremos pelo simples facto de correr. Quando se corre cria-se um elo e se por acaso paramos, o elo rompe-se. Correr é traçar uma linha. Esta linha não existe. Só existe quando corremos.

Sidi Moahmed Barkat

quinta-feira

Entrevista para o Jornal Açores


 


Uma entrevista que surge da minha participação no Azores Fringe 2016.

Fica o meu apreço ao trabalho realizado pelo o António Costa.

Poder ser lida aqui: http://www.correiodosacores.info/index.php/destaques-esquerda/21741-fiquei-deslumbrado-com-os-meus-colegas-de-escrita-que-tive-oportunidade-de-conhecer-no-azores-fringe

Entrevista - Revista Palavra Comum

Divulgo a entrevista que realizei para a revista de Artes e Letras, Palavra Comum. Foi conduzida pelo Ramiro Torres, pessoa a quem envio o meu muito obrigado.

Falamos de poesia e literatura, de processos e referentes criativos, falamos também da Galiza e do meu último trabalho, Mecanismo de Emergência.

Aqui fica: http://palavracomum.com/2016/07/07/entrevista-ao-poeta-tiago-alves-costa-e-poemas-de-mecanismo-de-emergencia/


terça-feira