w.c constrangido

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segunda-feira

Será a verdade que me ensinam a minha verdade?

Aí está a beleza, pensava-se; muito bem mas será ela a minha beleza? Será a verdade que me ensinam a minha verdade? Os objectivos, as vozes, a realidade, todas essas coisas que nos seduzem, atraem e arrastam, que seguimos e em que nos perdemos – será tudo isso a verdadeira realidade? Ou não será que dessa realidade não sentimos mais que um sopro imponderável pairando sobre a realidade que se nos oferece? O que mais incita à suspeição são as divisões e as formas convencionais da vida, a história que se repete, realidades moldadas há gerações, a linguagem pronta-a-usar, não apenas a da língua, mas igualmente a das sensações e dos sentimentos (...)

Robert Musil em O Homem Sem Qualidades